Um trágico retrato do ensino jurídico
quinta-feira, 8 de abril de 2010
O site da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior publicou uma nota exaltando o desempenho no Exame de Ordem da UniToledo, de São Paulo. Vejamos a publicação:
Notícias das Instituições
UniToledo
A Universidade Toledo Presidente Prudente foi a faculdade que mais aprovou estudantes no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil do estado de São Paulo. Ao agrupar as duas fases, a instituição passa para sétima colocada no estado. Apenas oito instituições, do total de 129 que tiveram mais de cinco inscritos, alcançaram desempenho superior a 50 % de acertos na prova, em São Paulo.
Fonte: ABMES
Das 129 instituições paulistas que tiveram mais de 5 de seus egressos inscritos no Exame de Ordem apenas 8 conseguiram aprovar mais de 50% destes.
Trágico!
Excesso de faculdades, vestibulares concebidos para inglês ver e ausência de rigor no ensino dispensado aos docentes só podem resultar nesse retrato de absoluto fracasso.
Exame de Ordem para que mesmo?
O Estado não tem a mínima vontade de fechar de fato as instituições de ensino superior vocacionadas apenas para o lucro e não para a educação. Além da ausência de vontade, o Estado sequer dispõe de estrutura para fiscalizar.
Esse quadro não nasceu ontem e ninguém faz nada para fechar tais instituições. Falta real vontade política para moralizar o ensino jurídico.
O Exame até poderia terminar, mas antes uns 700 ou 800 cursos de Direito deveriam ser sumariamente fechados; e dados estatísticos para justificar tal medida não faltam.
Como essa sugestão é utópica, fica tudo como está. Afinal, dentre os atores que encenam o Exame da OAB, só os bacharéis saem perdendo ao final.
E sejamos sinceros: Quem se importa com eles?
Se você está visitando este blog e pretende cursar Direito, clique no link abaixo e escolha bem sua faculdade. Dê preferência pelas instituiçoes que aprovam bem mais de 50% dos seus egressos:
Estatísticas oficiais do Exame de Ordem
Esse quadro não nasceu ontem e ninguém faz nada para fechar tais instituições. Falta real vontade política para moralizar o ensino jurídico.
O Exame até poderia terminar, mas antes uns 700 ou 800 cursos de Direito deveriam ser sumariamente fechados; e dados estatísticos para justificar tal medida não faltam.
Como essa sugestão é utópica, fica tudo como está. Afinal, dentre os atores que encenam o Exame da OAB, só os bacharéis saem perdendo ao final.
E sejamos sinceros: Quem se importa com eles?
Se você está visitando este blog e pretende cursar Direito, clique no link abaixo e escolha bem sua faculdade. Dê preferência pelas instituiçoes que aprovam bem mais de 50% dos seus egressos:
Estatísticas oficiais do Exame de Ordem
4 comentários:
Parabéns!!! É sinal que tem bons alunos e um grupo de professores competente.
Sim, o Estado tem grande culpa nessa explosão de cursos jurídicos e na falta de fiscalização, mas também não podemos nos esquecer que a própria OAB possui um pouco de culpa, pois pode embargar a abertura de novos cursos, assim como o CRM embarga a abertura de diversos cursos de medicina (na medicina AINDA não há tamanha explosão de cursos).
A grande questão é: o exame da ordem movimenta uma quantia exorbitante para as seccionais e acabar com o exame envolveria abrir mão de tal quantia, debate este muito mais complexo.
Por isso, acaba ficando tudo como está: várias faculdades novas abrindo, a iniciativa privada feliz, o governo arrecadando tributos feliz, as seccionais ganhando inscrições feliz e os bacharéis na mesma...
Nesse artigo foi escrito uma verdade: "quem se importa com os bacharéis?"
A anulação da segunda etapa da prova da OAB trouxe inúmeros prejuízos a mim e a milhares de outros estudantes, que estudaram, se prepararam e fizeram a prova de uma forma honesta e íntegra.
Lembro como se fosse hoje a frase do agente do CESPE/UNB, no dia 28/2/2010, depois de revisar meu CPC: "teu Código tá limpinho, hein?".
Fiz a prova em Capão da Canoa, litoral norte do RS, onde nenhum incidente foi registrado. Assim como no Acre, em Rondônia, no Piauí e em muitos outros locais do Brasil.
Sendo assim, surge uma pergunta: porque TODO MUNDO tem que ser prejudicado em razão de um maluco de Osasco/SP?
De acordo com os gabaritos extra-oficiais, dentre eles o do Prof. Renato Saraiva, no qual eu confio, teria sido aprovado.
Agora, por causa de um maluco de Osasco/SP, vou ter que refazer a prova novamente e correr o risco de ser reprovado.
Sem contar que não vou poder fazer o concurso para Oficial de Justiça do Tribunal de Justiça do RS, marcado também para a fatídica data do dia 18/4.
Mas, como diz o artigo, quem se preocupa com os bacharéis? Quem se preocupa com meu direito individual?
Parece que na vida real, fora daquele livrinho chamado Código Civil, a boa-fé não tem vez... Na vida real prevalece a má-fé de todos, afinal, “se houve uma fraude em Osasco/SP, pode ter havido em outros locais”. Não foi isso que aprendi na faculdade.
E se eu ajuizasse uma ação na Justiça Federal alegando tudo isso com certeza perderia...
Em razão de todo o exposto, chego a apenas uma conclusão: dentre um um bacharel e uma lata de lixo, a OAB, sem dúvida alguma, ficaria com a lata.
Minhas saudações, Dr. Mauricio, seu blog é ótimo!
Sinceramente, creio que nesse debate estamos esquecendo da culpa dos próprios bacharéis de Direito.
Fiz minha graduação no curso de Direito em uma Instituição de Ensino Superior particular, não muito bem colocada no ranking do Exame de Ordem e logrei aprovação no primeiro exame prestado, sem cursinho, somente com o conhecimento adquirido, na faculdade e por esforço próprio.
Em contrapartida, observei muitos colegas só aparecendo na faculdade no dia da prova, escolhendo os piores professores, mas que aprovavam qualquer um e fugindo dos ditos “carrascos”, pois lecionavam e exigiam do aluno conhecimento.
Conheci muitos colegas, e não foram poucos, que nunca entraram em um Fórum para assistir uma audiência ou não procuraram estágios onde iriam adquirir conhecimento, priorizando os estágios em grandes escritórios de contencioso de massa, que usam o estagiário como “boy de terno”, mas pagam bem por isso.
Assisti muitos colegas levarem 6, 7, 8 e até 10 anos cursando uma faculdade de Direito, não por dificuldades que qualquer um pode passar, mas por incapacidade de serem aprovados.
E pasmem, não só nas faculdades particulares isso acontece, nas públicas também, a diferença é a mesma que ocorre no vestibular, como a maior parte dos alunos de IES públicas tem uma renda melhor, podem fazer o melhor cursinho e passar no Exame de Ordem.
Agora me respondam, como pode um aluno que leva o curso de Direito na brincadeira, estudando somente para a prova, sem se preocupar em adquirir conhecimento, lograr êxito na aprovação do Exame de Ordem?
A resposta é simples, não pode. Muitos bacharéis e estudantes de Direito têm que por a mão na consciência e entender que a faculdade não se restringe aos bancos acadêmicos, ela é feita de 5anos de esforço, abdicação e dedicação.
Em meu primeiro dia na faculdade o Professor Guaracy Vianna, Juiz da 1ª Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, fez um discurso para minha turma que nunca mais esqueci, disse o Magistrado: “Daqui pra frente a vida de vocês será completamente diferente. Ela será feita de estudo, estudo e estudo. O Direito é uma amante caprichosa, que recompensa com glorias os que lhe dedicam atenção e pune exemplarmente os que não o levam à serio”.
Fui aprovado no Exame de Ordem 2009.2, fazendo a segunda fase na área trabalhista e me espantei com a quantidade de bacharéis que fizeram as coisas mais absurdas na peça processual, desde Notificação Extrajudicial até o famigerado Inquérito para apuração de falta grave.
Não me considero nenhum gênio da raça, muito pelo contrario, mas tenho a consciência de que minha aprovação, no 10º Período de Direito, foi a coroação de 5 anos de muito esforço e dedicação, coisa que, salvo melhor juízo, anda faltando a muito bacharel hoje em dia.
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