Dicas para a prova subjetiva

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Segue uma postagem originalmente escrita para a última prova subjetiva que eu vou reaproveitar aqui com algumas pequenas alterações. Entramos na última semana e é hora de todos traçarem suas estratégias para a prova de domingo.

1 - Objetividade

Não use o enrolês jurídico para fazer sua petição. Não esmere no palavreado - use apenas a linguagem técnica, de forma pertinente.

LEIA ponto por ponto a prova. Sua petição terá uns três ou quatro tópicos, em conformidade com o problema apresentado. Entenda o problema, delimite os temas, e trate-os de forma objetiva, concisa e individualizada (se for o caso).

Não é raro que vários candidatos, por não entenderem o problema, fujam do que está sendo proposto, e depois queiram recorrer sem ter base nenhuma. O que a OAB/Cespe quer saber é se você é capaz de compreender uma situação-problema e apresentar uma solução adequada com embasamento legal, jurisprudencial e doutrinário. Logo, escreva com clareza de linguagem e objetividade. Leiam este post aqui: Como fazer a peça prática trabalhista

O mais importante de tudo, mas muito importante mesmo. Aliás, é tão importante que você deve decorar tudo o que eu vou escrever agora. Explore TUDO que está no problema apresentado. Fale sobre todos os pontos, um a um, até mesmo sobre aqueles que você não faz a menor idéia de qual dispositivo legal aplicar. O Cespe corrige a prova por meio de uma relação (chamada de espelho) em que busca verificar se os pontos relevantes da prova foram explorados pelo candidato. Falar sobre tudo, tudo mesmo, pode lhe garantir décimos vitais.

2 - Munição

Leve TUDO o que você puder levar. É exagero? Talvez, mas como diz o ditado, "o que abunda não prejudica". É complicado dizer quais são os melhores autores, qual o entendimento da banca...isso pode mudar de uma prova para outra (como ocorreu no último exame) e desestruturar o candidato. Não é vergonha alguma levar uma mala cheia de livros.

Leve, e isso é importante, a novíssima lei e jurisprudência, mesmo que IMPRESSOS em folhas A4. Na prova trabalhista do último exame, o núcleo da petição orbitava em uma jurisprudência do TST, que, de tão recente, não constava nem na doutrina mais atualizada, nem nos vademecuns da vida. Resultado, muito aborrecimento, choro e ranger de dentes. Não deixe de fazer um bom levantamento das inovações legais e jurisprudenciais, e não vacile em levar tudo impresso.

A par do dito acima, leve também cópia do edital, pois se um fiscal encrencar com suas impressões, você terá o contra-argumento na mão. Em toda prova são relatados todo tipo de abusos e desmandos. Arme-se com o edital para não ser a vítima da vez.

3 - Apresentação

Devo pular linhas? Fazer recuo de texto? Usar todo o espaço da prova? O primeiro ponto que você deve observar é LER a primeira folha da prova, ou seja, a folha de instruções. Isso é óbvio, e vital. Leia duas vezes ou mais. O Cespe pode perfeitamente alterar um ou outro critério para a elaboração da redação e você pode passar batido. Na penúltima prova havia uma instrução que determinava que os candidatos não deveriam pular linhas entre um parágrafo e outro. Foi um grande drama! Muitos e muitos candidatos passaram semanas achando que seriam reprovados por isso. Ao fim, ninguém perdeu pontuação, mas ficou a lição: Faça exatamente o que o Cespe determinar! De toda forma, no último exame o Cespe permitiu que as linhas fossem puladas.

Quanto a elaboração da redação em si, o mais importante é você escrever com clareza, estruturando sua petição com lógica, indicando ponto a ponto o que você irá escrever. A estética da petição conta muito na hora da correção. Uma apresentação clara, de simples compreensão em todos os seus pontos, lhe será muito útil.

Escreva de forma com que as linhas da sua prova tenham o mesmo tamanho (aproveitando todos o espaço ofertado) e que os parágrafos também tenham tamanhos uniformes (eu sugiro que cada parágrafo tenha entre 5 e 7 linhas - dá uma sensação de harmonia e coesão de idéias).

Se sua letra for horrível como a minha, procure fazer um rascunho, caso o seu tempo lhe permita. O examinador não costuma ser muito benevolente com garranchos. Após ler trezentas peças eu tenho certeza de que você desejaria com que o examinador não se aborrecesse com sua letrinha medonha.

4 - Tática

O que é melhor fazer primeiro? A peça? As questões? Eu sugiro (É apenas sugestão. Defina antes qual é sua melhor abordagem) a seguinte tática. Primeiro determine qual é a peça processual exata para o problema apresentado. É um Respe? Uma apelação? Uma inicial? Repetição de indébito? Recurso ordinário? Acertar a peça é 40% da prova. Mais até, não errar a peça é TODA a prova, pois se você errar, tal como consta no edital, sua nota será zero, o suficiente para te reprovar.

Definida qual é a peça, abandone completamente a petição e vá para as questões. Gaste nelas, no máximo, uma hora e meia. NÃO queime os neurônios tentando achar a resposta de uma ou duas questões mais difíceis. Se não está conseguindo resolvê-las, deixe-as para resolvê-las após a peça prática. Terminadas as questões, gaste todo o seu precioso tempo na petição. Se você não gosta de fazer um rascunho, ao menos traçe uma breve esqueleto do que será sua peça processual. Isso lhe dará segurança.

CONTE o número de folhas que você tem para escrever. Seu rascunho pode ser maior que o devido, e você pode ter uma triste surpresa ao perceber que o seu pedido ou razões finais ficaram fora do número de folhas que lhe foram concedidas.

NÃO, eu disse NÃO escreva seu lindo nome na peça, tampouco escreva um nome fictício, ou do grande amor da sua vida ou do seu cachorrinho. Escreva somente advogado (Mas antes de escrever qualquer coisa, LEIA as instruções da prova. Certamente terá uma informação específica sobre a forma de se assinar a peça).

NÃO, e digo mais uma vez: NÃO se apavore com a prova. Lembre-se que você levará a nata da doutrina sobre a sua área-fim. Certamente tudo o que você precisa estará lá. A prova não é um bicho de sete cabeças. Ela pode surpreender de início pela dificuldade, mas com frieza e calma, é quase certo de que você achará todas as respostas necessárias para resolver os problemas apresentados. O desespero oblitera a percepção, e advogado tem de ter sangue frio - é exatamente a hora de mostrá-lo.

Lembre-se: A grande tacada na prova é fazer três pontos e meio na peça prática. Com isso você só precisará acertar duas questões para lograr aprovação. Uma peça bem feita é a solução de todos os problemas.

5 - E finalmente...

Leve água, ciclete, chocolate, balinhas, sanduíche do MacDonald's, etc, etc. Passar fome no meio da prova é um problema sério, que pode perfeitamente acabar com sua concentração. Gaste um dinheirinho com o lanche. E leve três canetas Bic transparentes.

Evite estudar até altas horas na véspera da prova - sua mente precisará de repouso, e, principalmente, evite de todas as formas o contato com o álcool. Se você acredita em Jesus, Buda, Alah ou qualquer nome que queira dar à Força Superior, reze um pouco e peça ajuda espiritual: é o melhor dos estímulos (e a melhor ajuda).

Não caia na tentação de levar uma colinha, por menor que seja. Se te pegarem, as consequências simplesmente irão acabar com sua carreira profissional antes mesmo dela iniciar. É mil vezes melhor reprovar no exame do que ser pego colando. Em suma: Não seja estúpido.

Se por azar algum fiscal te atrapalhar com alguma exigência ilegal, exdrúxula ou impertinente, mantenha a calma e procure argumentar com a razão. Se não der certo, chame o responsável pela aplicação da prova - é sempre melhor falar com o general do que com os soldados.

Lembre-se: A prova é dia 28 de junho, um domingo. Chegue cedo, no horário em que os portôes abrirem (Meio-dia e meia no horário de Brasília. Confiram os horários nas cidades com diferenças de fuso), para imediatamente apresentar seus livros. Se algum fiscal encrencar com alguma obra, você terá um tempão para conseguir liberá-la com o "general".

Para terminar: Após a prova, entre no Blog. Estaremos aqui acompanhando tudo on-line!

Boa-sorte!!

P.S. - Não vá de chinelo, bermuda, etc, etc. Vá, no mínimo, de tênis, calça comprida e uma camisa. Isso vale para as meninas também. Em alguns editais existem restrições quanto ao vestuário.

9 comentários:

Anônimo,  22 de junho de 2009 às 20:28  

É triste e revoltante. Não posso me conformar com uma situação como essa e não me conformo com os bacharéis baixarem a cabeça e admitirem uma estupidez como essa:
"O examinador não costuma ser muito benevolente com garranchos. Após ler trezentas peças eu tenho certeza de que você desejaria com que o examinador não se aborrecesse com sua letrinha medonha." Examinador se aborrecer com a letra? Pior que acontece mesmo, mas isso é um absurdo sem tamanho. Depois de "velhos" os bacharéis têm como mudar seu tipo de letra? É lógico que não, o estilo de caligrafia a pessoa adquire ainda quando criança, quando está aprendendo a escrever as primiras letras. Aliás, os especialistas dizem que isso já vem praticamente com a pessoa, já nasce com a pessoa. O bacharel é que tem culpa de ter uma caligrafia que o examinador não entende, e não o examinador que não foi treinado para entender caligrafias, é mole? MANDADO DE SEGURANÇA nesses imbecis depois.

Jacqueline 22 de junho de 2009 às 21:07  

Como sempre suas dicas dão um pouco mais de segurança a nós! Grata e parabéns pelo blog!

Anônimo,  23 de junho de 2009 às 01:13  

Dr. Maurício.

Qual a probabilidade de cair rito sumaríssimo? Caso caia, eu caio do cavalo. Será que dá tempo de aprender a calcular, tentei fugir da matemática fazendo Direito, mas não deve jeito.

Obrigado e abraços.

Unknown 23 de junho de 2009 às 09:26  

Excelentes dicas Dr. Mauricio!!!

Meu primeiro exame foi o 2008.3 e Graças a Deus, aos meus estudos e a esse Blog FUI APROVADO!!!!

Continuo sendo fa incondiocional deste blog e o acompanho praticamente todos os dias!!

Abraços!!!

Anônimo,  23 de junho de 2009 às 15:42  

Eu fiz o exame de 2008.3,mas por minha culpa não fui aprovado, graças ao Dr. Maurício que incentivou e respondeu o meu e-mail, a fazer este exame de 2009.1Então se você tem dúvidas, quer uma ajuda, tenho certeza que o Dr. Maurício, vai dar um ajudinha.

Com a ajuda dele vamo que vamo no domingo fazer a 2ª fase.

Obrigado Dr. por sua dedicação e altruísmo.

Anônimo,  23 de junho de 2009 às 16:55  

Dr. Maurício/ Colegas,
Alguém poderia listar/exemplificar os nomes de peças ordinárias cabíveis ?
Obrigada,
Ana

Anônimo,  24 de junho de 2009 às 14:31  

MAuricio,
Elogios pela sua dedicação e ao seu blog nunca serão de mais, por isso parabens pela sua dedicação e preocupação conosco!
Sinto uma certa insegurança em relação aos pedidos e reflexos da reclamatoria, pois fico na duvida em quais elencar, por exemplo: 13 sal, ferias proporcionais e vencidas mais 1\3 const, fgts e multa, verbas rescisoria. Como saberei em quais verbas haverá relexo? A proposito, voce aposta que qual peça virá?
Abraços,
Ana Carla

Anônimo,  24 de junho de 2009 às 14:32  

MAuricio,
Elogios pela sua dedicação e ao seu blog nunca serão de mais, por isso parabens pela sua dedicação e preocupação conosco!
Sinto uma certa insegurança em relação aos pedidos e reflexos da reclamatoria, pois fico na duvida em quais elencar, por exemplo: 13 sal, ferias proporcionais e vencidas mais 1\3 const, fgts e multa, verbas rescisoria. Como saberei em quais verbas haverá relexo? A proposito, voce aposta que qual peça virá?
Abraços,
Ana Carla

Anônimo,  24 de junho de 2009 às 14:36  

Mauricio,
Voce arrisca qual peça vem na prova trabalhista?

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