Advogar ou não?
domingo, 31 de maio de 2009
A escolha do que fazer dentro da profissão é quase tão essencial quanto a da própria carreira. Advogado há doze anos e professor universitário há dez, venho observando crescente preferência dos jovens bacharéis pelos cargos públicos. A busca de um salto imediato de renda, estabilidade e status talvez explique essa tendência.
Há muitos concursos acessíveis após a colação de grau. A opção por carreira pública é válida e louvável. Proporciona avanço profissional e permite contribuição relevante ao bem-estar social e à formação de um Estado cada vez mais democrático, justo e eficaz. O país precisa de funcionários públicos qualificados e decentes.
Pena que tal opção afaste a maioria dos recém-formados da advocacia privada, caminho igualmente nobre e meritório e quase sempre mais instigante e desafiador. Exige perseverança, dedicação, paciência, entrega. Os frutos demoram mais, é verdade. Mas podem ser abundantes e saborosos. Assemelha-se ao plantio e cultivo de uma grande árvore. A livre iniciativa envolve maior risco, mas tem gosto de liberdade.
O processualista uruguaio Eduardo Couture (1904-1956), um dos mais brilhantes da América Latina, concebeu os 10 mandamentos do advogado. Destacou a obrigação de estudar, trabalhar, ser leal, lutar, tolerar, ter fé e paciência. E também pensar com profundidade e esquecer vitórias e derrotas, para não carregar a alma de rancor ou de exagerada glória. No 10º mandamento, Couture recomenda: “ama a tua profissão - Trata de considerar a advocacia de tal maneira que, no dia em que teu filho te pedir conselho sobre seu destino, consideres uma honra para ti propor-lhe que se faça advogado”.
Assim, reconhecendo a nobreza e o encanto da advocacia, conclamo os recém-formados a considerarem seriamente esse ramo profissional. Afinal, coragem e juventude costumam andar juntos. Os profissionais da advocacia podem ter o privilégio de levar esperança ao seu cliente. E, o que é sublime, fazer de sua vida e lida instrumento da justiça.
A opção forçada por concurso público– principalmente para os têm forte vocação para advogar – cheira a imediatismo e busca de comodismo. Claro que o mestre uruguaio não a aprovaria, exceto para os que realmente tenham vocação para o serviço público. Registre-se que algumas das carreiras permitem a união desses projetos. É o caso de diversos procuradores estaduais, inclusive no DF, onde o advogado pode unir as benesses da estabilidade financeira do cargo público com as vantagens da advocacia particular. O mesmo ocorre com os advogados das sociedades de economia mista e das empresas públicas.
Por fim, lembremos que a opção pela carreira da advocacia privada é a opção de quem projeta êxitos marcantes no médio e longo prazo. No curto prazo, o novo advogado deve ter garra, determinação e perseverança para plantar. A colheita virá em seguida, ainda que não em breve. O exercício da advocacia, nos termos do decálogo de Couture, é opção luminosa no universo do direito. Apostemos nessa opção.
Texto originalmente publicado na revista Voz do Advogado, da autoria do Dr. Juliano Costa Couto, advogado, professor universitário e conselheiro da OAB/DF.
5 comentários:
Os que optam pelos concursos públicos, e hoje são quase todos, são justamente os desqualificados, aqueles que foram aprovados no exame graças às benditas 5 questoszinhas,lembram? Pois é, eles são bons, muito bons...mas em fazer prova decoreba, como é a maior parte dos concursos. Só que as coisas estão mudando, alguns concursos estão sendo em duas etapas: prova objetiva e discursiva, a mamata dos decorebas "profissisonais" está com dias contados.
A advocacia privada bem exercida e com constante atualização profissional rende muito amis q qq cargo público! Qq mesmo! Claso, baseado nos ganhos oficiais... Tanto q diversos desembargadores e afins te parentes com grandes escritórios! O dia q a defensoria e o MO oferecer 1 plano de aposentadoria voluntária, levará 1 susto com o membros q irão se candidatar. Nomes expressivos, q já ganham muito mais com aulas e livros. Imagine se pudessem advogar!
Prezados,
Obrigado pela publcação do artigo no site de vcs.
Parabéns!
Vamos advogar!!!
Abraço, Juliano Costa Couto.
Muito bom!
Pela foto publicada de cara esse cara diz que não tem nenhuuma vocação apra a carreira jurídica.
Postar um comentário