Entendendo o perfil profissional:como aprimorar o processo seletivo

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Em um contexto de transformações tecnológicas intensas, sofisticação dos processos laborais e busca por trabalhadores cada vez mais qualificados e dinâmicos, os processos seletivos vêm ganhando cada vez mais importância. Aos sistemas de seleção cabe a tarefa de otimizar a relação entre esforço demandado pelo trabalho e o desempenho esperado pela organização. A iniciativa privada conta com muita flexibilidade para lançar mão das mais variadas ferramentas e selecionar seus candidatos. Mas e a esfera pública, como fica?

Durante muito tempo, o setor público vem se utilizando de provas rigorosamente centradas nos conteúdos programáticos demandados em cada cargo pelas organizações. No entanto, esse tipo de seleção tem gerado algumas inquietações.

A grande corrida para uma vaga no setor público fez crescer uma forte indústria especializada em treinar os indivíduos para responder provas características desta ou daquela instituição. E os órgãos que promovem os concursos começam a sentir o impacto da aprovação de um candidato que obteve sucesso na prova, mas não consegue realizar o seu trabalho conforme era esperado. 

Para obter melhores resultados, a organização pode investir em ações de treinamento e desenvolvimento com o candidato admitido. Contudo, se o processo seletivo estiver mais alinhado com o desempenho esperado em determinado cargo, os custos com essas ações podem ser reduzidos, assim como o desgaste para o próprio trabalhador. Esse cenário coloca ainda mais foco no papel do sistema de seleção. 

Diante disso, como é possível produzir mudanças na seleção? Desde o início do ano passado, a Coordenadoria de Pesquisa em Avaliação do Cespe/UnB vem investindo no estudo dessa temática. Tal como é realizado hoje pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade de Brasília, a proposta é inserir no processo de seleção a mensuração de ‘competências para desempenhar’ em determinado cargo. A idéia não é eliminar a avaliação dos conhecimentos técnicos, mas acrescentar a avaliação das competências consideradas importantes para o exercício adequado das funções em cada cargo.

Em parceria com organizações que também estão interessadas em aprimorar a seleção no setor público, tem sido despendido um grande esforço em mapear quais competências são fundamentais para serem avaliadas em um processo seletivo. Outro grande desafio é conseguir desenvolver instrumentos adequados para fazer a avaliação dessas competências e, consequentemente, a seleção por meio delas. A proposta de parceria com essas organizações é criar a oportunidade de desenvolver a tecnologia de avaliação por competência e inseri-la na seleção.

Na Coordenadoria de Pesquisa em Avaliação do Cespe/UnB, muitos avanços em relação à análise de dados já foram realizados. Por meio da construção de matrizes de referências e do uso de ferramentas de análise de dados sofisticadas (como é o caso da Teoria de Resposta ao Item), hoje é possível desenvolver escalas de desempenho dos estudantes, que são qualitativamente interpretadas. Com isso, conseguimos traçar um diagnóstico da educação brasileira e delimitar quais metas precisam ser alcançadas. Agora, nossa proposta é começar a desenvolver escalas de conhecimento para o mundo do trabalho. Queremos produzir inovações metodológicas na análise dos perfis profissionais. 

Apesar do grande caminho que ainda temos pela frente, os resultados dos investimentos já começam a aparecer. Alguns processos seletivos que serão aplicados neste ano estão sendo planejados com base no mapeamento do perfil profissional.

Com o desenvolvimento desse trabalho, esperamos poder oferecer não só aos órgãos públicos, mas também à sociedade, um sistema de seleção mais justo e que seja tecnicamente mais elaborado.

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